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Miguel Levy Lima

Na Mística Transparência das Cores

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O pintor Miguel Levy e o fotógrafo Zé Pereira conceberam e montaram uma exposição de Fotopintura no Palácio da Cultura Ildo Lobo, na Praia, que decorreu de 10 a 28 de Novembro de 2017. Ao todo, foram 49 quadros de pintura e fotografia, e de fotografia pintada, em que esses dois artistas buscaram e retrataram temas paisagísticos, culturais e do quotidiano da população, a partir de dois olhares e duas artes, distintos, mas sintonizados e harmonizados, no que apelidaram de “Declamar a Poesia das Nossas Ilhas”.
O pintor Miguel Levy fez, a partir de um mote fotográfico de Zé Pereira, uma glosa em pintura, no que chama de rima, ao pintar algumas fotografias deste artista fotográfico.
Segundo a sua declaração à Inforpress “A ideia surgiu, após um encontro, e pelo facto de ser um grande admirador do trabalho do Zé Pereira, o que o levou a fazer-lhe uma proposta sobre a fotografia em grande dimensão, uma vez que as suas fotografias e os seus temas tinham uma grande empatia”.Miguel Levy Lima conta, no seu percurso, com mais de dez exposições individuais e mais de quarenta exposições coletivas, entre, principalmente, Portugal e Cabo Verde.
Miguel Levy Lima possui um estilo de pintura entre o impressionismo e o expressionismo perfazendo com David Levy Lima e Kiki Lima a trindade de pintores da diáspora cuja temática Cabo-verdiana se caracteriza pelas pinceladas e técnicas impressionistas.
Miguel Levy Lima possui uma forma muito distinta e própria de distribuir a tinta, em pinceladas largas e espaçadas, ao lado de tintas em manchas e cores, mas também em pontilhados e em nuances de cores, do género da marca d´água, como se as cores e a luz estivessem a diluir-se e a escorrer formando movimentos e expressões com contornos de luz à volta das figuras que causam uma sensação de esplendor.
Privilegiando o universo musical Cabo-verdiano, como a sua temática de eleição, com destaque de figuras célebres, ele retrata também outras vertentes artísticas como a dança e as manifestações culturais tradicionais das ilhas, mas sempre a partir do seu olhar e da sua visão.
As suas composições são organizadas com uma ou algumas figuras em primeiro plano, delineadas e sugeridas pelas pinceladas e manchas de cores e jorros de luz, que lhes conferem plasticidade e vivacidade, ficando no fundo as cores que se justapõem, se misturam e se fundem como massas de luz, de nuances diversas.
Utiliza o contraste e a complementaridade de cores para destacar e fazer expressar as suas personagens.
Nos seus últimos trabalhos, ele tem usado muito o azul ultramarino, entremeado do vermelho, quase bordô e do branco que ilumina, resplandecente e transparente, que criam toda uma atmosfera de luz e luminescência, dando forma e consistência às formas e às coisas, num registo já de tridimensionalidade. Há aqui uma simbiose e confluência de muitos experimentalismo e técnicas, que vão, no fundo, efetuando linhas e espaços, diluindo cores
e delineando contornos até conseguir as figuras e as imagens procuradas e esboçadas.
Começou a pintar aos 17, 18 anos, em Lisboa, com os seus irmãos, David e Abrão, já pintores, reproduzindo pinturas clássicas, como a natureza morta, Caravaggio e Rembrandt, aprendendo a utilizar a cor, a harmonia e o equilíbrio’, e depois passou a experimentar o impressionismo. Ao mesmo tempo, foi ‘estudando, lendo Historia da Arte, para não ter de ir à faculdade’, pois, quanto a ele, ‘não é preciso ir a nenhuma faculdade para aprender, senão Picasso e etc. não seriam nunca artistas, visto que não foram a nenhum curso.’ O que é preciso, diz ele, é desenvolver, trabalhar muito e aprender as bases, a partir dos grandes mestres: Van Gog. Lacroix, Goya, Chirico, Dali, etc.
Para ele, a arte está para além das questões de ‘figurações e abstrações, da matéria que se utiliza na superfície’. Já passou pelo óleo, pela aguarela, pelo minimalismo, pelo action painting, de Pollock e pelo expressionismo e está agora na fase de explorar ‘o mundo irracional, para a posteridade,’ como tem dito ultimamente, ‘deixando os simbolismos e muitas coisas mais, para atuar como um animal, sem a parte inteligível, que, no fundo, tem a ver com a linguagem expressionista,’ embora tenha começado com o Van Gog que como um ‘pós-impressionista já era um expressionista.’
Utiliza a fotografia como suporte temático para a sua pintura, porque, diz ele que, ‘quando está a fotografar está a pintar.’ Mas que ‘a pintura foi sempre o seu caminho,’ que pode começar ‘com os momentos que congela, quando dispara a máquina,’ ao qual se seguem os momentos de reflexão e planificação do que vai fazer, já com muita emotividade e automatismo.
O mais importante para ele, quando pinta, é garantir que a ‘luz esteja presente na sua obra’; que ‘os seus
personagens estejam sempre dentro da luz,’ porque ele tem de pintar, antes de mais, para ele mesmo’, o que quer mesmo pintar, e não pintar para vender.
Miguel Levy Lima afirma que está sempre no caminho, sempre à procura de novas abordagens e expressões que fazem com que o seu caminho não acabe nunca; Que já passou por várias fases de experimentalismos, em que que lidou muito com a emoção, no que se pode chamar de fase expressionista, com uma pintura muito racional, não obstante já ter tido a sua fase romântic
a e dadaísta de ler muito e tentar fazer tudo que queria, ou que sentia que devia fazer, como forma de aprendizagem, convivendo e aprendendo ainda com os clássicos, que lhe permitia vender os seus trabalhos, até que passou a produzir as suas próprias peças.
Diz que quando se está a pintar se está num outro mundo, o que torna a questão do tema muito relativo, mas, que para se chegar a este estádio é preciso muito estudo e aprendizagem, até que essa aprendizagem se torne automática manifestando-se nos trabalhos.
Afirma que procura muito encontrar a parte irracional, que todos temos, em que deixa de existir, o que acontece geralmente depois de todo um ‘’trabalho racional, conceptual, em que vê as formas, os contornos, como quer fazer ou deixar de fazer, até ao momento em que, quando for fazer o próprio trabalho, não quer estar lá, a medir os traços, como deveriam ser, ou não, deixando então o animal, que está por dentro, soltar-se e agir, pois que o importante é fazer as coisas com convicção.’’
Ele diz que não consegue se libertar de Caravaggio e Rembrandt por causa da luz, que é o mais importante, e que dá forma ao corpo e às figuras.

Acha que não se deve criar um tabu, ou preconceito de que determinado estilo ou forma de atuar artisticamente está correto e outro não está, que o ‘‘artista, independentemente do que um outro artista diz, ou possa dizer sobre como devem ser as coisas, ele tem que ser honesto com ele próprio, tem que acreditar naquilo que ele faz porque, independentemente da linguagem que ele esteja a fazer, se ele de facto estiver a ser honesto com ele próprio e investir toda a sua energia na produção desse algo em que ele acredita, alguma coisa sai dali.’’

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